quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Os aloprados no comando doTitanic Brasil, por Luis Nassif 

Xadrez dos aloprados no comando doTitanic Brasil
Por Luís Nassif / GGN

... o governo Bolsonaro começa a apresentar suas fichas. Tem-se um maremoto pela frente e no leme do país um governo mais preocupado em desmontar o barco movido por dois fundamentalismos: o religiosos e o econômico. 

Depois de um primeiro mês atabalhoado, começam a sair as primeiras medidas, uma sucessão infindável de propostas fundamentalistas, descoladas da realidade, e, especialmente a equipe da cota dos Bolsonaro, com um despreparo abismante.

Se a educação e as relações exteriores estão sob controle de fundamentalistas religiosos, a política econômica foi entregue a fundamentalistas econômicos.

O Ministro da Economia Paulo Guedes não é uma pessoa racional, que se debruça sobre a realidade para encontrar soluções. É um ideólogo sem noção, que julga que destruindo a ordem econômica em vigor, irá brotar do caos uma nova ordem conduzida pela mão invisível do mercado.

 Desde o governo Temer, vem sendo desmontadas peças centrais da economia, com reflexos terríveis nas próximas décadas. O desmonte do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) começou com a mudança da taxa referencial de juros, procurando aproximar suas taxas de longo prazo das taxas de mercado através do expediente mais nocivo possível: elevando as taxas mais baixas do banco, em vez de trabalhar para reduzir as taxas do mercado.

 O desmonte da legislação trabalhista criou duas bombas relógio. A primeira, os impactos gradativos sobre a receita fiscal. O que a tolice guedesiana chama de “herança getulista”, nada mais é do que um engenhoso mecanismo implementado por Roberto Campos, que transformou o desconto em folha em peça central da arrecadação fiscal, do financiamento da Previdência e do financiamento da infraestrutura, através do FGTS.

 Com o desestímulo progressivo à formalização, haverá impactos de monta na receita fiscal e praticamente a inviabilização da previdência pública. Sua proposta de reforma da Previdência – de impor a capitalização individual para os novos contribuintes – não tem pé nem cabeça.

Existe um sistema em vigor, a chamada repartição simples, no qual a contribuição dos ativos banca a aposentadoria dos inativos. Se já há dificuldade em manter o sistema atual, como pretende incluir um novo sistema? Se os novos contribuintes deixarem de contribuir para a repartição simples, haverá um crescimento exponencial do déficit atuarial. Se acumular duas contribuições, o custo se tornará inviável para o empregado. 

Portanto, há dois mega-rombos a caminho, caso passe a reforma: a redução da formalização do emprego; a interrupção do fluxo de contribuições ao sistema de repartição.

 Tome-se a ausência completa de políticas contra cíclicas, para melhorar o nível de atividade, mais o desmonte das políticas sociais, o aumento da informalidade, um plano de segurança pública meramente bacharelesco, e a guerra religiosa que se prenuncia, para se ter um quadro complicado pela frente.

 A guerra hoje não é entre centro-esquerda e centro-direita. É entre a irracionalidade mais delirante a os setores racionais do país, é entre a liberdade religiosa e o fundamentalismo mais canhestro, entre os direitos sociais e individuais e as milícias. Ou os setores formais e racionais se unem contra essa avalanche fundamentalista ou a reconstrução se tornará impossível.

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