quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Irmã Maria da Glória, a "Santa de Macaúbas"

Luzias.com.br

33 anos após sua morte, irmã Maria da Glória ainda é a “Santa de Macaúbas”


Passados exatos 33 anos do falecimento da irmã que todos chamavam de a “Santa de Macaúbas”, a presença de Irmã Maria da Glória ainda é sentida de forma a ensejar a sua imortalidade nos altares dos santos.

As pessoas ainda chegam ao Mosteiro de Macaúbas, localizado na zona rural de Santa Luzia, e perguntam às irmãs concepcionistas que lá vivem em regime de clausura: – É aqui que viveu a Irmã Maria da Glória?

 Após décadas de uma enfermidade que a imobilizou no leito, a irmã faleceu em 21 de janeiro de 1986, no Hospital São Lucas, em Belo Horizonte. Terezinha Mateus, amiga de longa data do mosteiro, relembra o episódio: “A irmã Maria da Glória faleceu no dia de Santa Inês.

Quando o carro com a urna funerária passou em frente ao Santuário de Santa Luzia, parou por alguns instantes, uma reverência à padroeira da cidade que acolhera a figura bondosa. Naquela noite, vivenciamos um fato inédito: a capela do mosteiro ficou lotada durante toda a madrugada, com missas sendo celebradas a todo momento”

 Muita saudade

Terezinha lembra ainda das lindas rosas produzidas pela “Santa de Macaúbas”. “Ela fazia rosas de veludo, e as vendia sob encomenda. Eram rosas perfeitas” – conta ela, lembrando que “aqueles momentos ao lado da Irmã foram de muita alegria, a gente tinha muita esperança.

As pessoas que sentiam aflitas eram acolhidas e tinham fé nas palavras de orientação e conselho”, relembra.


Foto: Acervo jornal Estado de Minas

 Na edição do jornal Estado de Minas do dia 23 de janeiro de 1986, estão registradas as palavras do então arcebispo de Belo Horizonte, Dom João de Resende Costa (1910-2007): “A irmã Maria da Glória, uma lâmpada sempre brilhante no Mosteiro de Macaúbas, embora doente, não desperdiçava seu tempo. Fazia flores de panos, terços e distribuía santinhos e medalhas a quem a procurava.

 Em momento algum, ela deixou de dar conselhos a estas pessoas, seja pessoalmente ou através de mensagens escritas. Ela, que agora foi morar na casa de Deus, nos deixou muitos exemplos de dignidade e humildade. E, por isto, este não é um momento de tristeza. Devemos, sim, sentir muita saudade”.

 Tancredo Neves, Aureliano Chaves ou Israel Pinheiro A reportagem do Estado de Minas dá destaque para as romarias ao Mosteiro de Macaúbas. As pessoas queriam ver a irmã Maria da Glória.“Durante um período de 47 anos de sua vida lutou com muita coragem contra uma enfermidade causada pela quebra da bacia, que a impedia de andar normalmente.

Sua vida se limitava ao leito de sua cama, onde recebia visita de centenas de pessoas que buscavam junto a ela conforto, forças, coragem e conselhos. Não foram raras as vezes que irmã Maria da Glória atendeu e auxiliou com suas orações vários políticos mineiros, como Tancredo Neves, Aureliano Chaves ou Israel Pinheiro”.

 A irmã Maria da Glória, natural do distrito de Cachoeira do Campo (Ouro Preto), entrou para o mosteiro ainda na época do recolhimento, como registrou a pesquisadora Cleyr Vaz de Mello na cronologia que abrange quase 300 anos da história de Macaúbas.
Sua entrada foi registrada em 08 de outubro de 1926. Em 13 de setembro de 1962, juízes do Tribunal Eclesiástico chegaram ao mosteiro para colher o seu testemunho no processo de beatificação do Padre Eustáquio.



  Beatificação

 Com o falecimento da irmã Maria da Glória, que mereceu registro na imprensa nacional, devotos e amigos do mosteiro se mobilizaram para conseguir a abertura de um processo de beatificação da irmã, muito lembrada por seu acolhimento aos aflitos e desesperançados.

Mas, o caminho do altar costuma ser longo e precisa de muitos apoios. No próximo mês de junho serão beatificadas 14 irmãs concepcionistas espanholas, vítimas de perseguição política e assassinadas em 1936, durante a guerra civil na Espanha. A esperança é que uma hora dessas chegue a vez de a “Santa de Macaúbas”, da Ordem da Imaculada Conceição, venerada por tantos, ser elevada aos altares.

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