domingo, 10 de agosto de 2014

Ministério Público, Defensoria Pública e OAB tentam suspender reintegração de posse na região do Isidoro


Foto: RESISTE ISIDORO!
#ResisteIsidoro

Convocamdo toda a sociedade em defesa dos direitos à moradia e da função social da propriedade! Vamos evitar um desastre humanitário. 

“O Estado de Minas Gerais comunicou oficialmente, no dia 06 de agosto de 2014, que vai despejar 8.000 famílias das ocupações Vitória, Rosa Leão e Esperança, na região do Isidoro, em Belo Horizonte, com o uso de extrema força policial. Tal situação se configura o anúncio de um massacre, pois as famílias não tem para onde ir e estão dispostas a resistir e defender o seu direito à moradia e a sua dignidade. A Polícia Militar de Minas Gerais, por sua vez, dá claras mostras de que agirá com truculência e extrema violência na realização dessa ação, assim como tem agido em manifestações, como ocorreu no dia 24 de Julho, quando a cavalaria atacou o povo com espadadas. (http://youtu.be/2fNDA1T7xeA). Será  um novo “Pinheirinho” agora em terras mineiras.

As ocupações do Isidoro existem há mais de um ano e, embora tenham surgido de forma espontânea, se organizaram na luta por moradia com o apoio das Brigadas Populares, MLB, CPT, redes de arquitetos e advogados populares. Hoje as comunidades possuem planejamento urbanístico, sistemas democráticos para a tomada de decisões e organizam atividades que mostram a toda a cidade que uma outra forma de viver no espaço urbano é possível e necessária. As famílias que vivem nesses terrenos antes sofriam sob a cruz do aluguel ou a humilhação de viverem de favor, e decidiram erguer suas casas e sua comunidade ocupando terras improdutivas, que não exerciam a sua função social e descumpriam os pressupostos da Constituição Federal e do Estatuto das Cidades. Desta forma, resistem na luta pela conquista de seus direitos fundamentais, historicamente negados, e que tem sido absolutamente ignorados pelo Município de Belo Horizonte que, mesmo diante de um déficit habitacional de 70 mil moradias, construiu apenas 1.400 por meio do Programa Minha Casa Minha Vida para famílias com rendimento entre 1 a 3 salários mínimos.

O processo jurídico que envolve as ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória é repleto de vícios que apontam para a completa ausência de substrato jurídico sólido que justifique um despejo forçado. A começar pelo fato de que o Ministério Público e a Defensoria Pública nunca tiveram vistas das ações de reintegração de posse que correm em desfavor das comunidades. Assim, o direito de defesa de milhares de famílias foi cerceado e elas podem perder suas casas sem que tenham tido a oportunidade de exercer o princípio do contraditório. 

O Ministério Público ajuizou uma Ação Civil Pública questionando as inconsistências jurídicas que envolvem o conflito. Quais sejam: necessidade de se fazer um novo cadastro sócio-econômico, a designação de perícia para que se defina os limites da área objeto de reintegração de posse, que as matrículas de imóveis objeto de desapropriação sejam colacionadas aos autos, que seja apurada a responsabilidade do Estado de Minas Gerais no exercício do poder fiscalizatório por ser a área de interesse metropolitano. A ACP foi distribuída no dia 15 de julho de 2014 e até a presente data o pedido liminar não foi apreciado.

Um despejo de tamanha envergadura não deve ser realizado sem que as possibilidades de conciliação tenham sido esgotadas e sem que se apresente uma alternativa de moradia digna para as famílias, conforme previsto nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário e no Estatuto das Cidades. Com a execução do despejo o Estado estará desconsiderando os importantes argumentos levantados na ACP, assim como a proposta de mediação assumida na última semana pelo presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Desembargador Pedro Bitencourt.

Problemas sociais se resolvem com políticas sociais e organização popular e não com a ação repressiva da polícia. A execução do despejo não resolve o problema do déficit habitacional e acirra o conflito que envolve as ocupações urbanas em luta pelo direito à cidade. Existem várias possibilidades para que se encontre uma saída justa e negociada para esse conflito, mas não há vontade política do Governo do Estado, PSDB, partido cujos programas apresentados nas campanhas de Aécio Neves e Pimenta da Veiga apontam para o aumento da repressão policial e redução das possibilidades de diálogo e democracia. Essa grave violação dos direitos humanos básicos de 8.000 famílias também tem sido negligenciado pelo Governo Federal, PT, que não apresentou nenhuma alternativa para as ocupações lavando suas mãos diante dessa situação, mesmo quando a presidenta Dilma tenha assumido no início desse ano revolver o problema habitacional no Isidoro.

Diante desse grave conflito instalado, conclamamos os setores sociais sensíveis aos problemas do povo no Brasil e que lutam por uma sociedade mais justa e fraterna a unirem forças em torno de uma solução pacífica e negociada que respeite o direito á moradia e á cidade, bem como a dignidade da pessoa humana, das milhares de famílias que estabeleceram ali suas casas e projetaram ali seus sonhos de uma nova cidade.

O massacre está anunciado! A responsabilidade pelo derramamento de sangue que se avizinha será do Senador Aécio Neves, da Presidenta Dilma Roussef e de seus candidatos ao Governo do Estado, Fernando Pimentel (PT) e Pimenta da Veiga (PSDB), que não realizaram esforço algum para impedir essa tragédia.Clamamos às organizações da sociedade civil, os poderes públicos, entidades de direitos humanos e políticos comprometidos com as causas sociais a apoiarem as ocupações do Isidoro denunciando a questão em todos os espaços possíveis e mostrando os responsáveis por este crime contra nosso povo.

Pela universalização do acesso ao direito à moradia! 
Remoção forçada sem alternativa digna de moradia é crime!
Por uma cidade onde caibam todos e todas!

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https://www.facebook.com/notes/frente-pela-reforma-urbana-brigadas-populares/president-dilma-and-senator-a%C3%A9cio-neves-will-be-responsible-for-a-bloodbath/315150921986896 

Belo Horizonte, 7 de agosto de 2014. 

Brigadas Populares”

https://www.youtube.com/watch?v=rVlTVNrqJLE&feature=share


O Tempo

Por Aline Diniz e André Santos


A Ordem dos Advogados do Brasil em Minas (OAB-MG), o Ministério Público (MPMG) e a Defensoria Pública do Estado tentam suspender a ordem de despejo (na região do Isidoro).  Na última quarta-feira, a OAB-MG entrou com uma medida cautelar na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Interamericanos (OEA), em Washington, nos Estados Unidos. A entidade pede que a OEA aplique sanções ao Estado brasileiro caso haja violação de diretos humanos na reintegração de posse.

Já a promotoria de Direitos Humanos do MPMG pediu a anulação da decisão da Justiça que ordenou a desocupação do terreno de aproximadamente 3 milhões de metros quadrados. Na justificativa enviada ao TJMG, os promotores afirmam que a determinação foi tomada sem levar em conta critérios de imparcialidade. Em julho, o MPMG já havia ajuizado uma ação civil pública pedindo a suspensão de qualquer ordem de despejo e, nesta semana, solicitou uma audiência para que lideranças comunitárias, prefeitura e Justiça dialoguem.

O pedido de uma reunião foi reforçado durante o protesto desta sexta pela Defensoria Pública. A assessoria de imprensa do TJMG informou que a audiência deve ocorrer na próxima semana. O movimento social Brigadas Populares teme que a operação policial seja realizada antes da reunião.

Sanções. Mesmo não tendo efeito suspensivo, uma intervenção da OEA pode estabelecer sanções contra o país, como multas e um pedido público de desculpas. “Essas famílias precisam saber para onde vão ser levadas, como serão tratadas e, até agora, não há nenhuma indicação do poder público sobre isso”, destacou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, Élcio Pacheco.

Na segunda-feira, a entidade vai enviar à OEA um relatório com fotos e depoimentos que, segundo Pacheco, comprovam que os direitos dos moradores das ocupações estão sendo violados.

Saiba mais

 Ato Lúdico
. Movimentos sociais planejam para este domingo uma intervenção lúdica no terreno onde as ocupações estão instaladas. A ação cultural deve acontecer a partir de 12h.

População. Apesar de a Polícia Militar dizer que cerca de 2.500 pessoas moram nas três ocupações urbanas, moradores dos locais afirmam que aproximadamente 8.000 famílias ocupam a área, totalizando 30 mil pessoas.

Estrutura. Além de 1.500 policiais militares, a operação de despejo deve contar com bombeiros e policiais civis.
Movimento de apoio a moradores circula na internet

O grupo de mídia independente Fora do Eixo, que promove festivais culturais por todo o país, criou uma campanha para apoiar as famílias das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, que se instalaram no terreno conhecido como mata do Isidoro, na região Norte de Belo Horizonte. Na rede social Facebook, diversas pessoas postaram fotos em que seguravam cartazes com os dizeres “resiste, Isidoro”. Também na rede social, as lideranças do acampamento escreveram que estão “de portas abertas e preparadas para receber” quem quiser ir até a ocupação e apoiar o movimento de resistência.

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