sábado, 28 de fevereiro de 2015

Caminhoneiros: sinal de alarme - Querem criar um clima para o golpe

Dois artigos analisam a greve dos caminhoneiros : o que está por trás da origem  e estrutura do protesto é criar um clima de instabilidade e de incerteza na população. Uma incerteza que vem crescendo e que tem como objetivo agravar as tensões para gerar uma irritação progressiva e perda de controle emocional e política. Os golpistas torcem por isso.


do Observatório da Imprensa
CÓDIGO ABERTO
Por Carlos Castilho
 
O governo de Salvador Allende começou a cair, em 1973, quando os caminhoneiros chilenos iniciaram uma greve reivindicatória que acabou se transformando num movimento político que colocou a classe média do país contra o primeiro presidente socialista eleito nas urnas.
 
Quem cobriu aquele protesto, ocorrido há 41 anos, inevitavelmente associa a greve chilena com a brasileira atual e sente um frio na espinha porque os desdobramentos apontam na direção de uma crise institucional de consequências imprevisíveis. Allende sabia que seu destino já estava traçado muito antes de um golpe militar do qual a maioria dos chilenos se arrepende até hoje. 
 
A greve dos caminhoneiros paralisou o abastecimento da população e o funcionamento da indústria, estrangulando a jugular da economia do país. A imprensa chilena da época, radicalizada política e ideologicamente, cobriu apenas o factual do protesto, deixando de lado as causas e principalmente as consequências do movimento. A desconstrução do governo Allende deu origem a um golpe militar que se transformou num capítulo trágico na história do país.
 
Tanto em 1973, no Chile, como agora no Brasil o protesto dos caminhoneiros não tem uma estrutura sindical e nem um comando central visíveis. Ele assume a forma de uma guerrilha rodoviária onde há apenas indícios de um comando centralizado porque há coordenação dos bloqueios de estradas. Se tudo ficasse apenas nas mãos dos motoristas, o movimento não mostraria tanta eficiência.
 
Os principais jornais brasileiros até agora não foram mais fundo nas origens e estrutura do protesto, o que revela uma decisão editorial e política que tem inevitáveis desdobramentos. O principal deles é ampliação do clima de incerteza na população e nos segmentos empresariais. Uma incerteza que vem crescendo desde as eleições do ano passado e que pode chegar a um ponto crítico se a greve dos caminhoneiros provocar a falta de alimentos, combustíveis e produtos essenciais (como remédios, por exemplo) nas principais capitais brasileiras.
 
Isso aconteceu no Chile em 1973 e levou, na época, a população do país a um estado de perplexidade quase catatônica que neutralizou preventivamente qualquer tipo de resistência a uma ruptura institucional. Este tipo de alerta não está sendo veiculado pela imprensa, o que deixa o público sem uma noção exata dos riscos a que ele poderá estar sujeito. Um dos papéis-chave da imprensa em situações de pré-crise é fornecer à população elementos para que ela avalie como lidar com o um possível desabastecimento alimentar, com a paralisação dos transportes públicos e privados, e o aumento da insegurança pessoal.
 
O que estamos assistindo agora aqui no Brasil é um paulatino agravamento das tensões que geram irritação progressiva e perda de controle emocional e político. Protestos podem rapidamente degenerar em pancadaria, depredações e vítimas pessoais por conta do clima de polarização e radicalização de posicionamentos político-ideológicos.
 
Ao não tratar estes temas como uma preocupação pública, a imprensa está brincando com fogo. A omissão informativa pode ser coerente com a oposição ao governo Dilma Rousseff, mas qualquer analista político ou sociológico sabe que o risco de descontrole cresce na medida em que a governabilidade é transformada em arma na luta pelo poder.


 

Vídeos sugerem locaute de empresas de transporte, não "greve de caminhoneiros"

Depoimentos de caminhoneiros indicam intimidação, ameaças e violência física para forçá-los a não seguir viagem.

Por Maria Frô - Revista Fórum :



Os vídeos que circulam nas redes sociais, com depoimentos de caminhoneiros e um depoimento à Polícia Rodoviária Federal de uma senhora que afirma ter procurado a polícia porque seu irmão é mantido à força na paralisação dos caminhoneiros no sul do país, trazem fortes indícios de que o que está acontecendo no Brasil é um locaute e, como tal, crime passível de punição.

Confira os vídeos: 



Detalhe, o governo federal já havia estabelecido acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística da CUT (CNTTL) em relação à paralisação, mas com estes fortes indícios de locaute nada será investigado?
As denúncias são gravíssimas: intimidação dos caminhoneiros, ameças, violência física para forçá-los a não seguir viagem.

Nenhuma das lideranças que sentou na mesa de negociações com o governo reconhece Ivar Schmidt do Comando Nacional do Transporte, responsável por esta paralisação que está sendo denunciada pelos próprios caminhoneiros.
Ivar não será ouvido, confrontado com as denúncias feitas por esta senhora a um policial rodoviário federal que aparece no vídeo?

Coincidentemente Ivar Schimidt tem recebido um amplo espaço na mídia monopolista e declaradamente golpista. Alguma liderança nacional sindicalizada costuma receber a atenção que Ivar recebe da  Globo e Veja? Desconheço.

De acordo com o jornalista João Maneco, Ivar sequer é caminhoneiro.
A Globo e a Veja, cujas equipes de reportagem não saem do Sul do pais, tiveram muito esmero em garantir a fala de um empresário suposto líder de caminhoneiros sem representação na categoria, mas parece que não passaram por Curitiba para ver as manifestações dos professores contra o pacotaço do governador tucano, Beto Richa que retira direitos dos servidores e põe em risco à educação pública no Paraná. 

Não acham estranho isso?


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Morre Leonard Nimoy, o eterno Spock de Jornada nas Estrelas

Nimoy havia anunciado que estava doente em 2014 -ele a atribuiu a seus anos como fumante, embora tivesse parado de fumar havia três décadas.

DESPEDIDA PELO TWITTER
O ator costumava usar o twitter para se comunicar com os fãs. O último deles - que já alcançou mais de 70 mil retweets na rede social - diz: "a vida é como um jardim. Pode-se ter momentos perfeitos, mas não preservados, exceto na memória. LLAP". A sigla, em inglês, diz Live Long and Prosper (Vida longa e próspera), saudação oficial de Star Trek.
 
Outro tweet recente diz: "Não fumem. Eu fumei. Gostaria que nunca tivesse feito isso" - o ator morreu em decorrência da COPD (doença pulmonar obstrutiva crônica), nesta sexta-feira, 27, em sua casa em Los Angeles.
 
Leonard Nimoy





 


 
 


Leonard Nimoy, que morreu nesta sexta-feira (27) aos 83 anos vítima de uma doença pulmonar obstrutiva crônica conhecida como DPOC, será lembrado principalmente por sua interpretação como sr. Spock na série e filmes de cinema "Star Trek" (Jornada nas Estrelas). Mas seu talento como ator e diretor o envolveram em diversas produções nas pequenas e grandes telas, em uma carreira que começou no início de da década de 1950.

Em suas duas primeiras décadas como ator profissional, ele interpretou papéis em uma série de programas de TV clássicos incluindo "Dragnet", "Perry Mason" e "O agente da U.N.C.L.E.". Entre 1969 e 1971, ele apareceu em 49 episódios do drama de espionagem "Missão: Impossível", interpretando um mágico chamado Paris.

Muitos dos papéis de Nimoy em programas de TV eram em westerns como "O Homem de Virgínia" e "Caravana" - mas aparições em séries de ficção científica como "Além da Imaginação" e "A Quinta Dimensão" garantiram seu lugar e o sucesso na nave estelar Enterprise.

Como Spock, Nimoy apareceu nos 79 episódios da série original, que durou de 1966 a 1969. Ele então retomou o papel nos seis longa-metragens para cinema e na nova versão da franquia dirigida por JJ Abrams.

Nos anos 1970, emprestou sua voz à série animada inspirada em "Star Trek". Em 1991, Spock também participou em dois episódios da série derivada da original, "Jornada nas Estrelas A Nova Geração". Recentemente, de 2009 a 2012, Nimoy, participou de 11 episódios da série de ficção científica "Fringe", também produzida por J.J.Abrams.

Na cadeira de diretor, Nimoy dirigiu "Jornada nas Estrelas II: À procura de Spock" (1984) e "Jornada nas Estrelas IV: A volta para casa" (1986). Em 1987, dirigiu Tom Selleck no remake de Hollywood da comédia francesa "Três solteirões e um bebê", um grande sucesso do cinema.

Nimoy dirigiu ainda "Coisas engraçadas do amor", com Gene Wilder, e depois fazendo cócegas novamente como diretor em "Funny About Love" estrelado por Gene Wider, e "Santo matrimônio", com Patricia Arquette. O ator também levou sua inequívoca voz para diversos documentários, como a série de ficção científica "Invasion America" e vários episódios de "Os Simpsons".

Além de atuar e dirigir, Nimoy escreveu livros sobre sua personagem Spock, poesia e se dedicou nos últimos anos de sua vida à fotografia.
 
 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Tucanos não assinam CPI da sonegação do HSBC

Blog da Helena - Rede Brasil Atual


Tucanos fogem para não assinar CPI da sonegação do HSBC suíço

Nenhum senador do PSDB assinou o requerimento da CPI da sonegação no HSBC suíço.

Nem Álvaro Dias, nem Aécio Neves, nem José Serra, nem Aloysio Nunes, nem Anastasia, nem Cassio Cunha Lima, todos salientes quando trata-se de atacar os outros, estão caladinhos sobre o assunto e não assinaram o requerimento.

O comportamento é suspeito, confirmando que PSDB parece ter muito o que temer se esta lista vier ao conhecimento público.

Até dois senadores do DEM assinaram (não é o José Agripino).

Todo mundo sabe que se tivesse petista na lista, já teria vazado. O jornalista Fernando Rodrigues do UOL (Grupo Folha, amigo dos demotucanos) senta em cima da lista e vaza a conta gotas o que já saiu na imprensa estrangeira há duas semanas.

Isso só faz aumentar as suspeitas de que se a lista for publicada voa pena de tucano para tudo quanto é lado.

O comportamento de blindar os nomes da lista também levanta suspeitas de que pode haver "barões da mídia" no meio.

Eis os 31 senadores que já assinaram:

Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-PE)
Jorge Vianna (PT-AC)
José Pimentel (PT-CE)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Paulo Rocha (PT-PA)
Regina Souza (PT-PI)
Walter Pinheiro (PT-BA)

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

Randolfe Rodrigues (Psol-AP)

Marcelo Crivella (PRB-RJ)

Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
João Capiberibe (PSB-AP)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Roberto Rocha (PSB-MA)
Romário (PSB-RJ)

Roberto Requião (PMDB-PR)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Waldemir Moka (PMDB-MS)

Cristovam Buarque (PDT-DF)
Reguffe (PDT-DF)
Telmário Mota (PDT-RR)

Hélio José (PSD-DF)
Omar Aziz (PSD-AM)
Otto Alencar (PSD-BA)
Sérgio Petecão (PSD-AC)

Magno Malta (PR-ES)

Gladson Cameli (PP-AC)

José Medeiros (PPS-MT)

Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Wilder Morais (DEM-GO)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A Petrobrás é do povo brasileiro: não se aceita nem corrupção, nem entreguismo

Antonio Lassance
Carta Maior:
Fernando Frazão / Agência Brasil



O ato em defesa da Petrobrás, organizado pela Federação Única dos Petroleiros (terça, 25), demarcou o terreno progressista da disputa que se faz sobre a narrativa e o desenlace do escândalo que abala a empresa.

Realizado sob o abrigo da emblemática Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, o ato pode ser resumido em uma bandeira: a Petrobrás é do povo brasileiro.

Foi um momento fundamental para deixar clara a posição do campo progressista em relação à crise que ameaça a credibilidade da Petrobrás e o papel da empresa para o futuro do País.

A palavra de ordem é: em defesa da Petrobrás, nem corrupção, nem entreguismo.

Foi bom ver os petroleiros à frente do ato. Ninguém tem maior autoridade moral para defender a empresa do que os petroleiros. Eles são a vanguarda desse processo e devem ser reconhecidos enquanto tal por todos os que lutam por um desfecho que permita que a Petrobrás saia muito mais forte desse episódio.

Eles são agora nossa força e nossa voz para defendê-la, mais do que a direção da própria empresa se mostrou capaz de fazê-lo. Seus rostos, suas falas, suas propostas e principalmente sua disposição de luta devem se tornar conhecidos de cada um de nós, cada vez mais. 

Os petroleiros são a liderança incontestável da tarefa de dar a linha para tirar a Petrobrás do atoleiro e defender a empresa dos ataques especulativos que pretendem destroçá-la.

O mais incrível é que, diante de um escândalo que afetou a principal empresa do País, o cartel midiático tenha imposto um cala-boca a quem nela trabalha - os petroleiros -. Tem sido assim o tempo todo, inclusive ontem. 

Mesmo com todo o peso político do ato, a mídia tradicional preferiu dar destaque a uma briga de rua. Óbvio. Faz parte de sua profissão de fé desqualificar o debate e priorizar o espetáculo da ignorância.

Foi bom ouvir os petroleiros e sua denúncia de que interessa ao povo brasileiro moralizar, e não desmoralizar a empresa.

Foi bom ver a blogosfera e a imprensa alternativa mobilizadas, repercutindo o ato e reproduzindo as falas de intelectuais, artistas, jornalistas, ativistas sociais e do ex-presidente Lula.

Foi bom relembrar a história da Petrobrás, seu papel estratégico e o que ela significa para o futuro do país, como fez Luis Nassif logo no início do ato. 

Foi bom ter Wadih Damous, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB, exigindo das autoridades cumprir o dever de respeitar o Estado democrático de Direito. 

Não se pode contemporizar com uma investigação de meia tigela, que investiga uns e preserva outros, indecorosa e inexplicavelmente. Uma investigação parcial que coloca na cadeira só os malvados favoritos, e não todos os que roubaram a Petrobrás e guardaram seu dinheiro na Suíça, desde os anos 1990. Para uns, o inquérito e as grades; para outros, um processo na gaveta e um cofre cheio nos Alpes.

Foi bom ouvir Lula deixar claro que não se admite que se ouse pensar em transformar o escândalo em uma crise institucional, ou vai ter troco. 

O pior erro que se pode cometer na atual conjuntura é o de se deixar intimidar. 

Não se pode abaixar a cabeça diante de uma legião de hipócritas e canalhas, cada qual com sua conta na Suíça, desde os anos 1990. Os pilantras que se arvoram campeões da moral e da ética, durante o dia, à noite conferem seu saldo em Genebra com a sensação de alívio e êxtase.

Queremos a Petrobrás. Não abrimos mão da Petrobrás. Nem para corruptos, nem para entreguistas - sejam eles políticos, donos de meios de comunicação, policiais, delegados, juízes, especuladores, enfim, para nenhum pilantra, não interessa a que espécie da fauna do país pertença.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Kotscho: por que Levy não taxa grandes fortunas?

Brasil 247:
 
 
Kotscho: por que Levy não taxa grandes fortunas?
:
"Por que o governo, por exemplo, ainda não foi atrás dos R$ 19,4 bilhões que 6,6 mil brasileiros depositaram em contas secretas no HSBC da Suíça, outro assunto blindado na mídia?", questiona o jornalista Ricardo Kotscho, sobre o ajuste proposto pelo ministro Joaquim Levy; "Por que o pacote não tira de bancos e das grandes fortunas?"; ele lembra ainda que o ajuste do presidente americano Barack Obama seria 'bolivariano', se comparado ao que se faz no Brasil
 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Adesão a vacinação e exames pré-natal é de 99% entre beneficiários do Bolsa Família


Mais de 9,1 milhões de famílias cumpriram o calendário básico de vacinação das crianças e o monitoramento do crescimento de menores de sete anos; gestantes também realizaram acompanhamento médico

Por Rede Brasil Atual

MATEUS PEREIRA/SECOM
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Pré-natal: melhora da saúde da população é compromisso do governo para o país avançar em indicadores sociais

São Paulo – As famílias beneficiárias do Bolsa Família no país estão cumprindo com rigor as exigências de contrapartida do programa na área de saúde. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) divulgou hoje (23) que, segundo dados da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), mais de 9,1 milhões de famílias cumpriram o calendário básico de vacinação das crianças e o acompanhamento do crescimento de menores de sete anos. Os dados indicam que as gestantes também cumprem maciçamente os exames pré-natal.
Entre as crianças menores de 7 anos, das 5,6 milhões acompanhadas, 99% estão com o calendário de vacinação em dia. Em relação às grávidas, das 227,7 mil identificadas, 99,1% têm realizado os exames pré-natal. As informações referem-se ao segundo semestre de 2014.
“As condicionalidades auxiliam o poder público a identificar as famílias que estão em situação de vulnerabilidade social. O objetivo não é punir os beneficiários, mas fazer com que essas famílias tenham garantidos os seus direitos sociais básicos”, destaca a coordenadora-geral substituta de Acompanhamento das Condicionalidades do MDS, Daniela Arsky.
Daniela diz que esses resultados são fruto do trabalho da rede de assistência à saúde. “O MDS, em conjunto com o Ministério da Saúde, divulga o quantitativo das famílias que deverão ser acompanhadas. E os municípios fazem, durante seis meses, o acompanhamento das crianças e gestantes”, explica.
Para as famílias com dificuldade em cumprir as exigências, pode haver efeitos no benefício do Bolsa Família, como bloqueios e suspensões. Os cancelamentos, porém, só ocorrem em último caso. Cabe ao poder público dar atenção especial às famílias em situação de reiterado descumprimento, desenvolvendo ações para acompanhá-las e auxiliá-las a voltar a acessar os serviços de educação e de saúde.
Os dados de saúde são tão altos quanto os de educação. Na quinta-feira passada (19), o MDS divulgou que mais de 96% das crianças e jovens de famílias beneficiárias do programa cumprem a frequência escolar mínima exigida como contrapartida do programa.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

QUARESMA: tempo de desafios e dádivas, por Frei Cláudio


Frei Cláudio Van Balen
 
Não raro, o que é um assustador desafio local passa, ao longo do tempo, a ter uma dimensão universal. A fantasia popular é generosamente criativa. Hoje, nem se fale. Algo assim diz respeito à narrativa bíblica do ¨dilúvio¨. Até Deus generalizava o mal, a ponto de querer destruir a terra e seus habitantes (Gênesis 6,5 - 13). É claro que nem nós e muito menos Deus faríamos algo assim.
 
Se, para um povo primitivo, o arco-íris servia de sinal, para nós basta o bom senso. Este também nos faz entender a narrativa relativa a Jesus no deserto. O espírito vale  mais que a letra; esta chama a atenção para aquele. Deus já não fica irado e muito menos se mostra vingativo; tampouco exige um preço caro de quarenta dias. ¨O dom gratuito de um só derramou-se sobre todos¨. (Rom, 5,15)
 
Entramos no tempo da Quaresma. O tema da Campanha da Fraternidade é: FRATERNIDADE: IGREJA E SOCIEDADE; sendo o lema: EU VIM PARA SERVIR. Somos atribulados pelo mau uso de bens, que pertencem a todos, e pela água que ameaça faltar. Neste tempo da Quaresma, tempo de reflexão, de solidariedade e de sobriedade, somos convocados a ¨servir melhor uns aos outros¨.
 
Graças à  nossa colaboração, quem sabe, chegará o dia em que cidadãos serão menos ambiciosos, políticos mais honestos, religiões menos donos da verdade e fieis mais fraternos, adultos mais moderados e jovens menos exigentes, autoridades menos centralizadoras e cidadãos mais participativos,  homens menos cheios de si e mulheres mais prestigiadas. O novo há de ser ensaiado.
 
Eis que o Reino se está aproximando. O poder  na Igreja se descentraliza, a autoridade se transforma em serviço, a caridade se transforma em fonte de participação gerando justiça. Deus é servido pela boa qualidade de nossas relações; o amor se faz - acima de tudo - escola de participação, a fé se mostra adulta e a esperança se renova. Projetos Eclesiais merecem a colaboração de todos os cristãos.
 
 
CELEBRAR - EM NOSSA FRÁGIL CONDIÇÃO - A VITÓRIA DO BEM
 
Irmãs e irmãos, imprimir dignidade ao viver é lidar bem com as carências da condição humana. 
No amor de Deus, criativos na solidariedade. Um ideal nos é proposto: avançar para além do que somos. Com a firmeza da fé enfrentamos pedras no caminho.
 
Por frágeis que sejamos, somos portadores de graça divina. Motivos para animar não faltam: ¨Eu vim para servir¨.
 
A vida é convite para vencer desânimo. Gestos de solidariedade nos fortalecem na luta
 
Em clima de responsabilidade prestaremos serviço. O caminho é longo, fragilidades nos amadurecem.
 
Renovemo-nos pelo abraço de Deus, sua bondade conduz a vida mais plena. Quem se solidariza, se envolve no perdão com paz.
 
Possamos testemunhar uma sociedade justa e fraterna.
 
Jesus se faz inspiração nos caminhos de nossa vida. Transformemos obstáculos em promessa. Nesse tempo de Quaresma renovemos sentimentos e atitudes.Eu vim para servir.
 
Por nós, mais pessoas tenham acesso aos bens da vida.
 
Prestemos serviço onde vivemos.
 
Deus-amor, alimentados pela Eucaristia, sigamos nos passos de Jesus. Firmeza no ser e alegria  no conviver. Mãos à obra! Nossa presença faz a diferença. Para o bem de irmãos. Amém
 
Fonte:
Boletim da missa de 22 de fevereiro de 2015  Igreja do Carmo

sábado, 21 de fevereiro de 2015

'Isso é uma piada', diz professor da USP sobre silêncio da Globo no caso HSBC

 
São Paulo – O HSBC é um exemplo privilegiado de como corporações que estão no limite da criminalidade impõem na economia internacional seus interesses. O professor de filosofia da Universidade de São Paulo (USP) Vladimir Safatle indica a instituição financeira como exemplo de promiscuidade entre mercado financeiro, política e mídia, com raízes no crime, em entrevista à Rádio Brasil Atual hoje (20). “Desde sua criação, o banco tem as piores credenciais possíveis. Essa instituição bancária foi criada em 1860, depois da última guerra do Ópio entre Inglaterra e China, quando os ingleses forçaram a abertura dos portos chineses para que o tráfico da droga continuasse”, relata.
“Os chineses resolveram impedir o comércio de ópio porque a população já estava entrando em um processo de ser dizimada pela droga. Então, o banco foi criado exatamente para financiar o tráfico de drogas, entre outras coisas. E ele cresceu, a partir dos anos 70, comprando bancos dos Estados Unidos e da Europa, muitos dos quais tinham carteiras extremamente problemáticas", diz Safatle. "Foi o caso do banco do finado Edmond Safra, que tinha entre seus clientes traficantes de diamantes e negócios com a máfia russa. O Safra foi assassinado em uma situação, no mínimo, bastante misteriosa. Seu banco iria ser comprado pelo American Express e o negócio foi desfeito por causa de problemas internos."
Esse foi o processo de crescimento do banco, segundo o professor. "Comprou o Bamerindus aqui, um banco que estava com problemas enormes. E não só isso, quer dizer, ele é reincidente, faz anos que o banco tem sido julgado por várias instâncias mundiais, exatamente por esses seus negócios com tráfico, negócios ilícitos. Foi declarado culpado nos Estados Unidos por um caso que envolvia tráfico com colombianos e mexicanos. Só que pagou uma mixaria de um milhão e novecentos mil dólares de multa.”
O que ocorre com o HSBC não é novo, é uma prática comum, para Safatle: “E não é para estigmatizar o banco, mas para esclarecer o que é o sistema financeiro internacional. São corporações que estão acima dos governos. Não só não se quebra como não se regulamenta um banco como o HSBC, porque ele está tão acima dos governos que o seu diretor à época desses chamados Swiss Leaks era pastor anglicano e hoje é ministro do David Cameron, no governo britânico."
O professor ressalta que se percebe uma relação incestuosa entre o sistema financeiro e a classe política. "É o diretor do banco que vira ministro de um gabinete da Inglaterra, que, com certeza, não vai desenvolver políticas que sejam estranhas ou contra os interesses do sistema financeiro que ele representa muito bem. A imprensa começou a questionar o ministro e ele não dá resposta alguma, porque ele sabe que está numa situação de ser completamente intocado, não há nada que possa acontecer com essas pessoas", lamenta.
Para o filósofo, todo mundo fica completamente exacerbado por problemas como tráfico de drogas, de armas, guerras. "Se não existissem esses bancos, que têm como uma suas finalidades lavar esse dinheiro, com certeza o problema não seria dessa magnitude em hipótese alguma. Só há crime nessa magnitude porque há um sistema financeiro que é completamente conivente, cresceu dentro desse meio.”
Ele destaca que não é só a tráfico de drogas que o HSBC está ligado, mas que há também fraudes de evasão fiscal, no momento em que a economia mundial e os estados estão em crise, tentando segurar o que restou de bem-estar social. “Os países da União Europeia socorreram bancos falidos. Então, quando os bancos cometem crimes, o que se espera é que os responsáveis sejam punidos, presos, mas não é isso o que ocorre”, observa.
Safatle lamenta que a imprensa brasileira não noticie os fatos, ao contrário da europeia. “É inaceitável o tipo de silêncio tácito que está ocorrendo, salvo raríssimas exceções muito pontuais. Na imprensa francesa ou britânica, mesmo nos Estados Unidos, foi dito que vão utilizar esses dados para tentar reaver o dinheiro." Nesses casos, a imprensa apresentou os nomes: "O Le Monde, que mobilizou um pouco tudo isso, chegou a brigar com seus acionistas porque um deles fez uma declaração dizendo que achava um absurdo que o jornal expusesse esses nomes. Ou seja, a imprensa fez o seu papel. No caso brasileiro é inacreditável".
O Brasil é, a princípio, o nono país em número de contas nessa filial genebrina do HSBC. São 8.667 contas, das quais 55% são contas de nacionais, ou seja, são mais de 4 mil pessoas. "A pergunta que eu gostaria de fazer é quem são essas pessoas. O sujeito não abre uma conta em um banco suíço com esse histórico à toa. Quem são as pessoas que fizeram evasão fiscal, fraude fiscal e coisas dessa natureza?”, questiona.
Alguns nomes de brasileiros que possuem contas no HSBC com depósitos sem origem comprovada na agência em Genebra foram conhecidos por intermédio de sites angolanos. “Aí apareceu o nome do rei do ônibus do Rio de Janeiro, o nome da família Steinbruch, que é do grupo Vicunha. Essas pessoas cometeram crimes, quais foram os crimes? É muito estranho que não só a imprensa, mas, ao que parece, a própria Receita Federal adiou a análise de coisas desse tipo."
Para Safatle, isso demonstra um dado muito evidente: "A elite rentista brasileira é completamente blindada, sabe que é e tem uma relação incestuosa entre poder político e estrutura de comunicação, que faz com que em última instância seja um grupo só, de uma forma ou de outra, que sabe que pode fazer o que quiser, porque sabe que não existe nenhuma possibilidade de a Justiça pegar, a não ser existam embates internos, em brigas internas, aí sim vão pegar um ou outro".
O professor da USP se pergunta como ampliar essa discussão oculta na imprensa tradicional. “Os nomes que vazam dessa lista de brasileiros com contas no HSBC em Genebra são de envolvidos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Quer dizer, os nomes são divulgados dependendo do interesse do meio de comunicação. Só são esses os nomes dos 4 mil correntistas, só são esses dez ou 15 que tiveram problemas? Isso é uma brincadeira.”
A extrema gravidade da história exige que se faça algo. “Se tem algo que destrói a moralidade é a parcialidade, é você começar a perceber que há um uso estratégico do discurso sobre a moralidade, porque é um uso que serve simplesmente para você voltar suas atividades contra seus inimigos. Nesse momento, a moralidade perde completamente seu valor. Eu diria que na política brasileira isso acontece a torto e a direito, é um traço característico da política brasileira."
Safatle lembra: "A moralidade exige a simetria completa dos julgamentos. É julgar todos da mesma forma, independente do que vá acontecer. Isso falta dentro da política brasileira. É por isso que não se consegue fazer com que essas indignações se transformem em saltos qualitativos da política. E aí vira simplesmente um jogo em que se tenta colocar um ou outro contra a parede.”
Safatle identifica que há um processo de desgaste constante do governo pela mídia e, por isso, os nomes envolvidos em negócios ilícitos no HSBC são seletivos. “Se a gente quisesse mesmo fazer uma limpeza geral no que diz respeito ao caso Petrobras, por exemplo, todos denunciantes falaram: 'Olha, desde 1997 eu recebo propina'. Ou seja, tem um dado estrutural, não existe um caso de governo ou de partido, é um caso de estrutura, em que vai todo mundo. E nessa situação o mínimo que se espera é que se mostre claramente a extensão do processo e a necessidade geral de punição. Mas isso nunca ocorre, isso desgasta toda a força da indignação moral”, lamenta. “Todo mundo que conhece um pouco da sociedade brasileira sabe que lá você vai encontrar alguns dos nossos empresários mais conhecidos, alguns dos políticos mais conhecidos.”
Quanto ao silêncio que a Rede Globo dedica ao caso do HSBC, Safatle comenta: "Isso é uma piada, é completamente inacreditável. Eu gostaria que eles explicassem muito claramente qual é a noção deles de notícia, porque é surreal. Você pode pegar as páginas do The Guardian, jornal britânico, ou do francês Le Monde, e a televisão de maior audiência não dá nada? O que é isso? Eles transformam o jornalismo em uma grande brincadeira".
Para a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Maria da Silva, é uma "vergonha" que esse caso só apareça em alguns sites e blogs e seja ignorado pelos grandes meios de comunicação, que não têm interesse em divulgar os nomes de brasileiros que estão nessa lista com depósitos sem origem comprovada no HSBC em Genebra. “Um dos clientes que já apareceu na lista foi o Clarín, da Argentina. Não vamos ficar surpresos se os meios de comunicação aqui do Brasil também aparecerem na lista, ou se os donos desses meios estiverem guardando dinheiro lá fora para não pagar impostos. Talvez por isso essa lista não seja divulgada. Começaram a soltar os nomes seletivamente, e por isso surgem os nomes relacionados com a Lava Jato. Mas tinha que soltar o nome de todo mundo”, diz.
Confira a íntegra da matéria: